sábado, 13 de junho de 2009

Para Ian, em algum lugar do tempo

Ao observar-te assim, adormecido, uma imensa ternura toma-me de assalto, uma ternura tão grande que é capaz de inebriar, de transbordar, de fazer sentir o peito apertar-se de súbito, e fazer emergir ao leito dos olhos furtivas lágrimas incontíveis. Incontidas, elas rolam, tornando turva a imagem do teu pequeno corpinho a ronronar, deitado de bruços, o lento movimento das costas acompahando o ritmo da tua respiração. Teus olhinhos, mesmo fechados, selados por fileiras de lânguidas, longilíneas pestanas, movem-se na velocidade de cada fragmento de sonhos, os quais vives intensamente enquanto tua mãe ternamente te observa.
Quase posso sentir tempo e espaço cristalizando-se pouco a pouco, em conivente esforço de eternizar a existência deste instante. Queria viver para sempre o instante de olhar-te adormecido.
Este sentimento – que me custa até mesmo chamar de amor, mas que de amor, por ora, chamarei, é algo que só as mães entendem. Só as mães conhecem este amor que pode ser ao mesmo tempo altruísta e egoísta, pois são capazes de sacrificar a vida pela integridade do filho, enquanto consideram-no, para sempre, um pedaço indissociável de sua própria alma.
Teu sono é velado por tua mãe, e também por toda a magia do universo.

6 comentários:

Borboleteando disse...

Peço licença humildemente para tornar minhas suas palavras tão perfeitas.
Parabéns, amiga.
Parabéns, mãe inspirada.
Beijo!
Lau.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Kiti disse...

Só mesmo as mães pra entender... Só mesmo outra mãe pra se emocionar, os olhos cheios d'água lendo seu lindo texto. Porque embora inexplicável, creio que amor de mãe seja um sentimento universal, compartilhado por nós em silêncio. E vê-lo expressado com tanta propriedade, traz à tona palavras inspiradoras que eu não achava pra falar desse sentimento tão grandioso. Beijos pra você e pro seu pequeno Príncipe (que já tá grandão e muito lindoo). X)

Unknown disse...

Ai que lindo!! Eu não sou mãe, ainda, mas posso dizer que emocionei igual tá? Fiquei com inveja... "Só as mães são felizes?" :P
Te amo lindona, vc e seu querido pimpolho! Tava pensando nisso estes dias... Moro aqui há uns 6 anos. 10 menos 6 = 4. Mas já conhecia o Ian, bem antes de me mudar! Nossa senhora! Lembrei uma vez que fiquei cuidando dele aqui em casa, ele era um bebê.. Expertíssimo mas era 1/4 do tamanho de hoje! PARABÉNS!

Millena disse...

Que lindo, Aurora! "Este sentimento – que me custa até mesmo chamar de amor, mas que de amor, por ora, chamarei, é algo que só as mães entendem"...Perfeito! Não sou mãe, mas concordo que o amor que sentem as mães é o mais puro e sublime que existe! Por sua exclusividade, deveria mesmo ter outro nome!
Beijos pra vc e pro lindão do Ian! rsrsrs

Julieta disse...

Ahhh eu me lembro deste texto, dessas palavras, dessa emoção. Lembro me de que Ian era pequenino e hoje já é um rapaz cheio de opinião, e lindo sempre!
Como é linda sua poesia e como adimiro sua sensibilidade, sua inteligência e sua beleza. Amo muito muito muito vocês dois.
E...
Que vontade de conhecer esse tal amor que é difícil chamar amor. ai ai ai...