Alma
convulsão 
A vida é tão maior
E além
dessas quatro paredes
que me cercam 
e me encerram em mim mesma
bem mais do que eu gostaria. 
Encerram meu corpo
(E a alma em convulsão) 
Confesso que o que tenho mais saudade 
é dos abraços 
Mas também tenho um medo danado
De não conseguir mais me soltar no mundo
De me fechar pra sempre nesse universo de brancura infinita 
Paredes branco gelo, gélido concreto
Inferno de Sartre
Só que os outros moram TODOS dentro de mim
Que prendo eternamente na garganta
esse grito impossível. 
Mente
confusão 
Já há algum tempo que não faço ideia
Do que é fazer ideia 
Existia um mundo lá fora, e a bem da verdade
Ele sempre foi inóspito 
Mas aqui entre as quatro paredes
- branco gelo, gélido concreto- 
Até que havia segurança e aconchego
Que eu podia chamar de lar
O lar de um abraço apertado 
Eu podia morar naquele abraço 
Protegido por quatro paredes
E tudo isso era tão cálido 
Tudo isso era tão sólido 
que as paredes ganhavam cor.
Hoje não dá pra saber 
se estou pisando na areia molhada da praia em um dia
ensolarado, 
Ou tropeçando inexoravelmente
em direção ao abismo, 
Ou só caminhando a esmo
Tateando no escuro 
à procura de algum sentido onde talvez 
não haja nenhum
(A mente, confusão). 
E o tempo, ao invés de ajudar
De andar pra frente
Como sempre, inevitavelmente 
(mesmo que fosse ilusão, 
mesmo que talvez fosse apenas a minha percepção) 
Agora apenas se mantém 
em constante suspensão. 
E eu acordo todo dia 
nesse dia da marmota
Peito
combustão
E esta escrita agoniada
mariposas em revoada.
#carentena


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