domingo, 19 de abril de 2020

Lusco Fusco


Teve um momento, suspenso no tempo,
No lusco-fusco entre o abandono incessante do dia e o aproximar lânguido da noite, insinuante,
Que a vida fez tão, mas tão pouco sentido que chegou a doer, uma dor física, uma dor tão forte, uma dor tão grande, uma dor sufocante, uma dor sem saída,
UMA DOR.
Eu apertei com os braços minha cabeça com força
Força força MUITA força
pra estraçalhar meu crânio em cacos, estilhaços
Explodir minha cabeça em trinta mil pedaços
Espalhar pelas paredes gomos pegajosos do meu cérebro
Fazer saltar das órbitas meus olhos molhados de lágrimas
Até jorrar pelo mundo esse rio negro, caudaloso e sem fim
Que há em mim.


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